Piérre Dominicé - “ Ninguém forma ninguém, as pessoas formam-se a si próprias”
Esta é uma expressão que nos reencaminha para as teorias humanistas da aprendizagem de adultos, que teve o seu expoente máximo no autor Paulo Freire. Nas palavras de Rita Barros, este sublinha o processo dialógico assente na intersubjetividade, co-construída como meio de mudança e na educação como consciencialização.
Este processo é intrínseco ao desenvolvimento comunitário através do exercício da cidadania participativa, decorrente de movimentos populares. O princípio da educação humanista e crítica sustenta-se na cidadania democrática, orientada para a solidariedade e para o bem comum. Por isso, a educação é uma peça-chave para a democracia porque apela aos recursos sociomorais das comunidades, à cidadania, ao bem-estar coletivo e à participação cívica.
Esta teoria humanista foi sem dúvida a visão adotada por uma das instituições internacionais que mais se interessaram por esta problemática que é educação de adultos, no caso estamos a falar da UNESCO . Na XIX Conferência Geral da Unesco realizada em 1976 resultou a seguinte definição para a educação de adultos:
“ A expressão educação de adultos designa a totalidade dos processos organizados de educação, qualquer que seja o conteúdo, o nível ou o método, quer sejam formais ou não formais, quer prolonguem ou substituam a educação inicial ministrada nas escolas e nas universidades, e sob a forma de aprendizagem profissional graças aos quais as pessoas consideradas como adultos pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas aptidões, enriquecem os seus conhecimentos, melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais ou lhes dão um anova orientação, e fazem evoluir as suas atitudes ou o seu comportamento na dupla perspetiva de um desenvolvimento integral do homem e de uma participação no desenvolvimento social, económico, cultural equilibrado e independente”
Quatro pilares fundamentais constam desta definição
1. Aprender a conhecer
2. Aprender a fazer
3. Aprender a viver com os outros
4. Aprender a ser
Esta definição é a que se tornou mais abrangente , mas não sem antes se ter passado pela proposta mais economicista/ utilitarista da OCDE. A outra instituição que propôs uma visão cruzada entre a UNESCO e a OCDE foi o Conselho da Europa que entende que estas mudanças na educação de adultos são um problema político inerente aos sistemas educativos e que tem que ser resolvidos em função de cada época.
No âmbito das três instituições foram sendo integrados os vários conceitos associados à educação de adultos como são a educação permanente , a educação contínua , ou a mais recente aprendizagem ao longo da vida , que enquanto conceito e política educativa tem vindo a sobrepor-se por ser o mais abrangente
Atualmente a aprendizagem ao longo da vida “é sobretudo entendida como instrumento de mudança dos sistemas de educação e formação de um novo pacto entre o Estado e a sociedade civil, com a transferência de responsabilidades para esta última. Nos tempos que correm as instituições internacionais apontam seis valores básicos como integrantes da aprendizagem ao longo da vida:
1) As pessoas são aprendizes natos,
2) A igualdade e justiça são fundamentais,
3) A aprendizagem está relacionada com o poder,
4) A ineficácia traduz um potencial humano desperdiçado,
5) A aprendizagem deve promover a coesão social,
6) A sobrevivência e a progressão mundial dependem da aprendizagem.
Sem comentários:
Enviar um comentário