quinta-feira, 27 de junho de 2013

A importância do Currículo

A importância do Currículo

No âmbito do módulo que estudamos diz Helena Quintas “ que os formandos devem ser convidados a encontrar exceções às suas experiências, mais frequentes em vez de se verem prisioneiros de uma história que eles não criaram, devem ser desafiados a relacionar a sua experiência de vida com a de outras pessoas”.
É este processo que vai levar ao Self Construído no âmbito da aprendizagem dialógica. Resulta deste diálogo igualitário construído com outros participantes várias interpretações, que não são definitivas, todas as informações estão pendentes de questionamentos futuros e são potencialmente refutáveis.

Exemplos de projetos educativos diferentes
Tertúlias Literárias
Lojas do Saber
Bolsas do Saber
Salões de Histórias

Tendo por base este tipo de oficinas alguns autores criaram o conceito de inteligência cultural, que engloba estas conceções e como as ultrapassa, ao afirmar que é através da interação entre diferentes pessoas que estabelecem uma relação, uma interação comunicativa e que se atingem entendimentos de âmbito cognitivo, ético e afetivo

Não se pretende que ninguém venha a impor ideias a outro- as opções que conduzem a reais transformações não são impostas, são criadas conjuntamente através de uma comunicação horizontal entre todos.

A abordagem dialógica “ permite decidir coletivamente através das aprendizagens quais são os objetivos e quais vão ser os conteúdos do que vai ser objeto de aprendizagem”.
Quando exportamos para públicos adultos com maiores ou menores ajustamentos, os currículos escolares transformam-se numa fórmula inevitável de desmotivação, abandono, insucesso e desperdício de recursos.
É um erro e uma perda de tempo, um desperdício de meios humanos e materiais e um desrespeito por quem precisa e merece uma formação que ajude a construir as competências básicas que não foram adquiridas no tempo certo.

As ofertas de educação e formação de adultos devem ser diversificadas quanto
- metodologia
- recursos
- ritmos
- espaços
- tempos
de forma a serem adequadas à diversidade de situações. Surge assim a necessidade  de ultrapassar o modelo escolar.
O que deve marcar a diferença de um curriculum destinado a pessoas adultas é o seu propósito e a sua forma
Nada de compensar o tempo perdido, o público é outro , e os meios e as formas tem que ser necessariamente diferentes.
As práticas a desenvolver em educação e formação de adultos devem centrar-se no sujeito e na sua capacidade para se utilizar como recurso de aprendizagem. Este tipo de formação deve adotar uma perspetiva interdisciplinar que rentabilize nas situações de ensino, experiências de aprendizagem adquiridas no sentido de se vir a fazer uma fertilização de conhecimentos.

Fernanda Mexia
27.06. 2013

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Teorias e modelos da aprendizagem



                  As Teorias da Aprendizagem

Na sociedade em mudança a aprendizagem dá-se em função de novas expetativas e sob o impacto  das novas tecnologias , o que mais uma vez coloca em destaque a importância das experiências de vida,
a)     Como são a capacidade de reflexão
b)     Dos processos de tomada de decisão
c)     E de autonomia que eles implicam
Assim as perspetivas sobre aprendizagem tendem a valorizar aspetos intrínsecos ou extrínsecos. No âmbito das que valorizam os aspetos intrínsecos temos:
1)      Psicanalíticas
2)      Humanistas
3)      Construtivistas
4)      Funcionalistas
Nas teorias que valorizam essencialmente aspetos  extrínsecos segundo Helena Quintas existem dois paradigmas na orientação e prática de educação de adultos
- Paradigma Neoliberal ou Humanista
- Paradigma Crítico Liberal

A nossa formadora , doutora Rita Barros entende que devemos “distinguir o paradigma neoliberal/ individualista , ou seja aquele que tem vindo a conquistar  protagonismo na União Europeia do paradigma crítico humanista/existencial aquele em que o conceito de ALV e de aprendizagem de adultos não se reduz às questões utilitaristas da aprendizagem”.

Abordaremos as várias teorias da aprendizagem mas com especial cuidado a teoria da reflexividade crítica  e a teoria do modelo dialógico funcional por entender que são as duas mais representativas da literatura nesta área.

A Teoria da Reflexividade Crítica de Mezirow
Esta é uma das abordagens que tem vindo a ter mais protagonismo porque “ é concebida como processo que recorrendo a interpretações anteriores, visa construir uma nova interpretação, ou uma interpretação alterada do sentido da experiência atual , orientando  a ação futura “ in Rita Barros.

Recorrendo ao contributo de Habermas , a teoria da reflexividade crítica entende a educação de adultos como um “ processo de capacitação, no sentido de explicitar , elaborar e atuar na relação que se estabelece com  a realidade”




A consciência contextual e a reflexividade crítica como processo social e enquanto competência é mais facilmente construída na interação com  o outro.
 





Mezirow distingue vários tipos de aprendizagem:
a)     Instrumental (mais baseada nos conceitos de causa-efeito ,
b)     Significativa  ( com caracter mais abstrato),
c)     A dialógica ( através da validação do discurso de outrem).
Essencial é ter a consciência crítica para que se possam operar mudanças. Se assim acontecer poderão ser tomadas decisões mais conscienciosas. A racionalidade e a reflexão crítica são as chaves que levam à transformação.
Apesar desta racionalização em absoluto por Mezirow  não podemos descurar a chamada inteligência emocional e mesmo aspetos emocionais e afetivos

As teorias críticas articulam-se com as teorias sociais segundo as quais “ A
educação deve permitir resolver problemas de natureza social, cultural e ambiental” e aqui retomamos o pensamento crítico de Paulo Freire :



A educação deverá ser crítica no sentido de se vir a tornar libertadora e o individuo será autor responsável da sua própria história
 




Teoria da aprendizagem baseada no Modelo Dialógico-Social
A doutora Rita Barros  afasta-se dos modelos utilitaristas com vista à mercantilização da educação. Este modelo teórico ” parte do principio de que a educação pressupõe um desenvolvimento holístico e  integral da pessoa”.

O modelo dialógicos –social preconiza aprendizagem numa perspetiva global e integrada, ao valorizar a construção de competências sociais, experiências prévias, a consciência crítica , o pensamento e a participação e gestão social”.
Segundo Requejo Osório

 O que se pretende não é minimizar as deficiências mas antes desenvolver as potencialidades
      
                                                                                                                 
A compreensão da realidade depende do conhecimento  e da possibilidade de ação sobre a mesma o que permite direcionar a educação  de adultos no sentido da mudança e da transformação social.

Como nos dizia a nossa formadora acerca da dificuldade de construirmos um mapa conceptual teórico, sobre a aprendizagem de adultos resulta que o mais viável será aquele que for construído com os pressupostos de base que concebeu a aprendizagem de adultos numa lógica dinâmica , integrativa e integradora sustentada  na autonomia, reflexividade e na valorização da experiências de vida .

1-       Figura com rationales teóricos que subjazem ao modelo dialógico social
Abordamos os vários modelos de aprendizagem de adultos e a conclusão a que chegamos é a de que os modelos integrativos serão os que melhor aplicação deverão ter no futuro, e quanto mais abrangentes forem mais soluções conseguirão reunir para aprendizagem de adultos.

Fernanda Mexia
26.06.2013

terça-feira, 25 de junho de 2013

A Andragogia



Boa tarde a todos.
Terminamos a semana passada o IIº módulo da nossa formação sobre Educação e Aprendizagem de Adultos. Tomamos contatos com as várias teorias e modelos de aprendizagem para educação de adultos e por isso para fazer esta primeira reflexão escolhi esta imagem  que comporta o primeiro conceito que abordamos e que aqui  lhe subjaz:  A Andragogia.

A andragogia traduz-se na responsabilização do adulto pela sua aprendizagem  e opõe-se diretamente à pedagogia enquanto educação para  infância. Esta forma de abordagem da aprendizagem de adultos teve o seu inicio  com adoção das teorias humanistas proposta por Paulo Freire traduzidas na atitude dialógico social tendo por base os princípios humanistas de Maslow e Rogers, designadamente  a articulação entre
. Auto- monitorização (Responsabilização)
. Autogestão (Controlo)
.Auto- motivação (Condicionamento intrínseco ou extrínseco)

Utilizando as palavras da nossa formadora doutora Rita Barros podemos definir a Andragogia como  arte e a ciência de ajudar os adultos a aprender”.

A aprendizagem  e o desenvolvimento são dois conceitos que embora não possam ser considerados sinónimos estão completamente interligados e um contribui para definição do outro. Educação só pode ser entendida no sentido de educação para o desenvolvimento. O desenvolvimento implica transformação e progresso e por sua vez a educação regista mudanças que decorrem do desenvolvimento  humano. Aprendizagem e desenvolvimento estabelecem uma relação bidirecional, com implicações na cognição, metacognição e reciprocidade. É através da aprendizagem implícita nos processos ”desenvolvimentais” que se constrói a pessoa enquanto ser com ideias.

No âmbito da educação de adultos pretende-se que o papel das Experiências pessoais (coloco esta palavra com letra maiúscula para dar enfase à expressão e para fazer um paralelismo com a figura que apresento, que coloca em lugar de realce a Prática) se torne determinante uma vez que “ adultez” é a fase do ciclo de vida mais longa e como tal implica descobertas recorrentes e tomadas de consciência que resultam das suas realidades emergentes.

A valorização das aprendizagens existenciais conduzem a um corte epistemológico com a conceção positivista do conhecimento e assim se começarem a valorizar as teorias experimentalistas da educação de adultos. A disponibilidade para aprender relaciona-se com a necessidade de lidar eficazmente com as circunstâncias da vida , embora os adultos sejam mais sensíveis a motivações extrínsecas , os motivos intrínsecos como são autoestima , a qualidade de vida e de satisfação com a mesma) são os mais importantes. E o facto de na nossa época o conhecimento ser cada vez mais efémero, cada vez mais temos que aprender, desaprender e reaprender como nos sugere  a figura que em jeito de banda desenhada  nos apresenta um conjunto de “rationales” teóricos para uma teoria da aprendizagem de adultos.

Fernanda Mexia
25.06. 2013

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Conclusões |Módulo I

Conclusões do módulo I

1.      Abordámos numa primeira fase o percurso histórico da educação de adultos. Opiniões, estratégias políticas e enquadramento espácio-temporal
2.      As formas e tipos de aprendizagem mais  vocacionadas para o público adulto. As diferenças entre educação permanente, educação recorrente, educação contínua e por último a aprendizagem ao longo da vida. Conceito este que se foi sobrepondo a todos os outros. Segundo Rita Barros in  Educação a  Aprendizagem de Adultos “ Em Portugal, à semelhança do que tem sucedido na  Europa, a Aprendizagem ao Longo da Vida é uma componente básica do modelo social europeu, estabelecido pela Estratégia Europeia para o emprego, ao serviço da operacionalização dos desígnios  do mercado de trabalho” Infelizmente esta visão da ALV ficou um pouco desumanizada ou destituída dos princípios e valores que levaram à sua criação.
3.      Podemos então dizer que este módulo de caracter introdutório serviu para nos alertar para os vários conceitos , correntes  e processos multidisciplinares que norteiam a educação de adultos.

Utilizei como bibliografia  para estas reflexões os seguintes elementos:

BARROS, Rita (2013) Educação de Adultos. Conceitos, Processos e Marcos Históricos. Da Globalização ao Contexto Português. Horizontes Pedagógicos. N.º 162. Lisboa: Instituto Piaget.
RROS, Rita (2013) Educação de Adultos. Conceitos, Processos e Marcos Históricos. Da Globalização ao Contexto Português. Horizontes Pedagógicos. N.º 162. Lisboa: Instituto Piaget.

GUIMARÃES, Paula (s/d) Políticas Públicas de Educação de Adultos em Portugal: Diversos Sentidos para o Direito à Educação? Unidade de Educaçao de Adultos. Universidade do Minho. Disponível em http://www.rizoma-freireano.org/index.php/politicas-publicas.


SITOE, Reginaldo Manuel (2006) Aprendizagem ao Longo da Vida: Um conceito utópico? Comportamento Organizacional e Gestão. vol. 12. n.º 2. p. 283-290.

TORRES, Carlos Alberto (2003) Política para Educação de Adultos. Currículo sem Fronteiras. Vol. 3. n.º 2. p. 60-69. Disponível em www.curriculosemfronteiras.org. Consultado em 01 de junho de 2013.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

RVCC | CNOs| CQEP


Os RVCC | Os CNO |Os  CQEP

As nossas vidas são cada vez mais rodeadas de siglas, e no âmbito da Educação  e Formação e  de Adultos (EFA, mais uma)  elas são especialmente recorrentes. Opta-se por este título para tentar enquadrar um conjunto de ideias, políticas e visões sobre este assunto e que de alguma forma tem uma continuidade entre si.

1.      Os RVCC – conhecidos como processos de reconhecimento validação  e certificação de competências  “emergiram como estratégias educativas e formativas “ com conteúdos de e valências adquiridas informalmente em contexto de trabalho e não com conteúdos de natureza exclusivamente escolar e disciplinar. Os processos de reconhecimento , validação e certificação de competências  sugiram com uma nova metodologia e passaram atribuir uma certificação escolar e uma qualificação profissional. Estes Centos de RVCC foram criados por entidades da sociedade civil que estabeleceram parcerias com o Estado. Nas palavras de Paula Guimarães da Universidade do Minho, “ os processos de RVCC contribuíram  para a revalorização da relação entre educação e cidadania devido à importância atribuída ao conhecimento na construção de economias mais competitivas e ao papel que as modalidades de educação não formal e informal podem desenvolver na promoção da aprendizagem ao longo da vida”
Na entrevista que nos foi disponibilizada pela colega Isabel Paiva, do professor António Nóvoa, sendo ele um perfeito adepto dos processos de “reconhecimento de adquiridos” numa terminologia mais antiga , não deixa de apontar alguns defeitos à implementação destes processos em grande escala na sociedade portuguesa com vista a suprir deficiências educacionais e com o objetivo de  preencher estatísticas mais favoráveis  aos governantes em causa.
É certo que com  a necessidade de um desenvolvimento económico do país este foi um dos recursos  mais valiosos e talvez com uma concretização mais rápida , mas não deixa de   ser visto nas palavras de Habermas como  um processo  guiado em grande parte por uma racionalidade  instrumental. Esta racionalidade instrumental é governada por regras técnicas baseadas no conhecimento empírico, o que sugere a existência de previsões de eventos passíveis de ação.

2.      Os CNO- Terminologia já desatualizada , mas que vale a pena fazer referência no percurso histórico  e  na evolução da  Educação de Adultos em Portugal. Designados assim , Centros Novas Oportunidades por oposição às “velhas oportunidades” quando estas se identificam com a escola e outros  órgãos de ensino regulares. Diz Paula Guimarães da Universidade do Minho que a “ iniciativa Novas Oportunidades permitiu igualmente reconverter os Centros de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências em Centros Novas Oportunidades, atribuindo-lhes outras funções ligadas: i) ao encaminhamento dos adultos que procuram a educação e formação; ii) ao diagnóstico, à triagem e ao encaminhamento dos mesmos; iii) ao desenvolvimento de processos de reconhecimento, validação e
certificação de competências; iv) à realização de ações de formação complementares e de curta duração, bem como v) ao acompanhamento prospetivo do candidato certificado. Estes Centros, que se assumem como promotores da aprendizagem ao longo da vida e do gosto pela educação, assumiram desde então um papel central no desenvolvimento das ofertas dirigidas a adultos.
Mas como referi este é já um termo desatualizado na medida que até 31 de março deste ano todos eles foram extintos. Dando lugar a uma nova realidade os CQEP.

3.      Os CQEP -  Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional . Utilizando o texto da portaria 135-A/2013 diríamos que :- “A rede de Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional visa uma atuação mais rigorosa e exigente, designadamente nos processos de Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências, construída a partir de estruturas de educação e formação que constituam uma garantia de qualidade ao nível das políticas de qualificação e de emprego e da aprendizagem ao longo da vida. Os Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional operam de modo integrado e coordenado no território, constituindo-se como uma interface com as demais respostas disponíveis no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações, respondendo às verdadeiras necessidades de qualificação dos jovens e dos adultos. Pretende-se, assim, que os Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional assegurem a prestação de um serviço de qualidade, no domínio da orientação de jovens e adultos, com enfoque na informação sobre ofertas escolares, profissionais ou de dupla certificação, que promova uma escolha realista e que atenda, entre outros fatores, aos perfis individuais, à diversidade de percursos quanto ao prosseguimento de estudos ou às necessidades presentes e prospetivas do mercado de emprego. Numa perspetiva inclusiva, a atividade a desenvolver pelos Centros para a Qualificação e o Ensino Profissional inclui, também, a valência destinada a pessoas com deficiência e incapacidade, visando dar resposta à necessidade de assegurar a sua integração na vida ativa e profissional.
Continua apostar-se numa perspetiva utilitarista, entendendo a Educação de Adultos sempre voltada para o mercado e para empregabilidade. Por isso entendo a postura crítica da doutora Rita Barros, quando não se revê nas teoria da Educação de Adultos confinadas à “promoção de competências para a competitividade e produtividade, na lógica hegemónica do mundo laboral”. Corroboro e acrescento que o “ facto de existir uma mudança terminológica não permite vislumbrar alterações estruturais e significativas neste domínio” in Rita Barros.
Não queria monopolizar o discurso crítico no que diz respeito aos aspetos inovadores da portaria. Existem também algumas alterações que vejo com alguma utilidade, como são por exemplo a possibilidade que estes novos CQEP poderem vir a ter uma valência destinada a pessoas com deficiência e incapacidade, visando dar resposta à necessidade de assegurar a sua integração na vida ativa e profissional. Como já referi subjaz a todo o diploma uma necessidade premente de toda a certificação / educação de adultos ser útil para o mercado de trabalho e por isso infelizmente estará mais presente essa visão utilitarista do que a humanista que deu origem aos programas de educação de adultos . O diploma agora apresentado terá desde logo uma mais valia que será a de não deixar “cair por terra “ um percurso que se iniciou e que de algum modo , deixou uma marca no sistema de ensino português.

Até à próxima.

Fernanda Mexia

quarta-feira, 5 de junho de 2013

As políticas e as organizações




Piérre Dominicé  - “ Ninguém forma ninguém, as pessoas formam-se a si próprias”

Esta é uma expressão que nos reencaminha para as teorias humanistas da aprendizagem de adultos, que teve o seu expoente máximo no autor Paulo Freire. Nas palavras de Rita Barros, este sublinha o processo dialógico assente na intersubjetividade, co-construída como meio de mudança e na educação como consciencialização.
Este processo é intrínseco ao desenvolvimento comunitário através do exercício da cidadania participativa, decorrente de movimentos populares.  O princípio da educação humanista e crítica sustenta-se na cidadania democrática, orientada para a solidariedade e para o bem comum. Por isso, a educação é uma peça-chave para a democracia porque apela aos recursos sociomorais das comunidades, à cidadania, ao bem-estar coletivo e à participação cívica.
Esta teoria humanista foi sem dúvida a visão adotada por uma das instituições internacionais  que mais se interessaram por esta problemática que é educação de adultos, no caso estamos a falar da UNESCO . Na XIX Conferência Geral da Unesco realizada em 1976 resultou a seguinte definição para a educação de adultos:

A expressão educação de adultos designa a totalidade dos processos organizados de educação, qualquer que seja o conteúdo, o nível ou o método, quer sejam formais ou não formais, quer prolonguem ou substituam a educação inicial ministrada nas escolas e nas universidades, e sob a forma de aprendizagem profissional graças aos quais as pessoas consideradas como adultos pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas aptidões, enriquecem os seus conhecimentos, melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais ou lhes dão um anova orientação, e fazem evoluir as  suas atitudes ou o seu comportamento na dupla perspetiva de um desenvolvimento integral do homem e de uma participação no desenvolvimento social, económico, cultural equilibrado e independente

Quatro pilares fundamentais constam desta definição
1.       Aprender a conhecer
2.       Aprender a fazer
3.       Aprender a viver com os outros
4.       Aprender a ser

Esta definição é a que se tornou mais abrangente , mas não sem antes se ter passado pela proposta  mais economicista/ utilitarista da OCDE. A outra instituição que propôs uma visão cruzada entre a UNESCO e a OCDE foi o Conselho da Europa que entende que estas mudanças na educação de adultos são um problema político inerente aos sistemas educativos e que tem que ser resolvidos em função de cada época.
No âmbito das três instituições foram sendo integrados os vários conceitos associados à educação de adultos como são  a educação permanente , a educação contínua , ou a mais recente aprendizagem ao longo da vida , que  enquanto conceito e política educativa tem vindo a sobrepor-se por ser o mais abrangente
Atualmente a aprendizagem ao longo da vida “é sobretudo entendida como instrumento de mudança dos sistemas de educação e formação de um novo pacto entre o Estado e a sociedade civil, com a transferência de responsabilidades para esta última. Nos tempos que correm as instituições internacionais apontam seis valores básicos  como integrantes da aprendizagem ao longo da vida:
1)      As pessoas são aprendizes natos,
2)      A igualdade e justiça são fundamentais,
3)      A aprendizagem está relacionada com o poder,
4)      A ineficácia traduz um potencial humano desperdiçado,
5)      A aprendizagem deve promover a coesão social,
6)      A sobrevivência e a progressão mundial dependem da aprendizagem.


Tipos de aprendizagem

Olá a todos
Damos hoje início à construção do portefólio digital sobre o curso de Educação e Aprendizagem de Adultos. Nas duas últimas semanas fomos sendo orientados sobre o percurso histórico, os conceitos e os processos que caracterizam este tipo de aprendizagem. Vou deixar uma imagem que funcionará como ponto de partida para abordarmos os conceitos de aprendizagem formal, não formal e informal.

Trata-se de uma imagem conhecida no âmbito das Teorias da Gestalt relativas à percepção humana. 



Recorro a esta imagem para propor um exercício muito simples de interpretação quanto ao objeto que se vê. Naturalmente alguns de nós conseguirão ver um cálice e outros verão dois perfis contrapostos. E quem estará certo naquilo que visiona? Provavelmente ambos. Vamos desenvolver os conceitos de aprendizagem para chegar à conclusão de que todos serão igualmente úteis e válidos.

Podemos começar por definir Aprendizagem – como o processo que gera efetivamente uma mudança, isto é quando o indivíduo aprende e utiliza. E isto implica memória, maturação e compreensão.
A aprendizagem é um processo dinâmico e ativo em que os indivíduos não são simples recetores passivos mas sim processadores ativos de informação
 




Para identificarmos a imagem teremos que recorrer a conceitos base que nos foram sendo incutidos através da formação/educação.

A aprendizagem formal- está associada às escolas, colégios e universidades, enquanto instituições de ensino “tradicionais”. Estes tem os seus currículos e regras de certificação claramente definidas. Tem os seus espaços,  e as suas figuras ,alunos e professores. Ao sistema educativo formal estão associadas várias etapas de desenvolvimento- anos  académicos, devidamente graduados e avaliadas quantitativamente

A aprendizagem não formal- nas palavras do professor Hermano do Carmo é “sobretudo um processo de aprendizagem social, a qual tem como epicentro nevrálgico, o desenvolvimentos de métodos de aprendizagem participativos, baseados na experiência, na autonomia e na responsabilidade de cada formando /educando, através da realização de atividades que tem lugar fora do sistema de ensino formal e sendo complementar deste.

A aprendizagem informal- Pode definir-se como aprendizagem que decorre  de circunstâncias fortuitas , ou relacionadas com as atividades da vida quotidiana(trabalho, família ou tempo livres). Isto é tudo o que aprendemos mais ou menos espontaneamente a partir do meio em que vivemos.

Ainda recorrendo à imagem direi que tendo em conta o nosso percurso de vida, educativo, social cada pessoa que observar a imagem poderá recorrer ao conceito que lhe seja mais familiar .Ou  foi identificando a imagem com um teste de psicologia que vinha no livro de Psicologia do 10º ano , foi este o meu caso – e portanto produto de uma aprendizagem formal. Mas outos lembrar-se-ão ou do cálice da igreja ou das imagens românticas dos15 anos em que os perfis aparecem contrapostos- uns resultados da aprendizagem não formal e outros da informal. Quero com isto dizer que aprendizagem  é antes um ato continum com influências transversais da educação formal , não formal  ou informal mas todas elas igualmente válidas.

Até ao próximo comentário.

Fernanda Mexia