quarta-feira, 5 de junho de 2013

As políticas e as organizações




Piérre Dominicé  - “ Ninguém forma ninguém, as pessoas formam-se a si próprias”

Esta é uma expressão que nos reencaminha para as teorias humanistas da aprendizagem de adultos, que teve o seu expoente máximo no autor Paulo Freire. Nas palavras de Rita Barros, este sublinha o processo dialógico assente na intersubjetividade, co-construída como meio de mudança e na educação como consciencialização.
Este processo é intrínseco ao desenvolvimento comunitário através do exercício da cidadania participativa, decorrente de movimentos populares.  O princípio da educação humanista e crítica sustenta-se na cidadania democrática, orientada para a solidariedade e para o bem comum. Por isso, a educação é uma peça-chave para a democracia porque apela aos recursos sociomorais das comunidades, à cidadania, ao bem-estar coletivo e à participação cívica.
Esta teoria humanista foi sem dúvida a visão adotada por uma das instituições internacionais  que mais se interessaram por esta problemática que é educação de adultos, no caso estamos a falar da UNESCO . Na XIX Conferência Geral da Unesco realizada em 1976 resultou a seguinte definição para a educação de adultos:

A expressão educação de adultos designa a totalidade dos processos organizados de educação, qualquer que seja o conteúdo, o nível ou o método, quer sejam formais ou não formais, quer prolonguem ou substituam a educação inicial ministrada nas escolas e nas universidades, e sob a forma de aprendizagem profissional graças aos quais as pessoas consideradas como adultos pela sociedade a que pertencem desenvolvem as suas aptidões, enriquecem os seus conhecimentos, melhoram as suas qualificações técnicas ou profissionais ou lhes dão um anova orientação, e fazem evoluir as  suas atitudes ou o seu comportamento na dupla perspetiva de um desenvolvimento integral do homem e de uma participação no desenvolvimento social, económico, cultural equilibrado e independente

Quatro pilares fundamentais constam desta definição
1.       Aprender a conhecer
2.       Aprender a fazer
3.       Aprender a viver com os outros
4.       Aprender a ser

Esta definição é a que se tornou mais abrangente , mas não sem antes se ter passado pela proposta  mais economicista/ utilitarista da OCDE. A outra instituição que propôs uma visão cruzada entre a UNESCO e a OCDE foi o Conselho da Europa que entende que estas mudanças na educação de adultos são um problema político inerente aos sistemas educativos e que tem que ser resolvidos em função de cada época.
No âmbito das três instituições foram sendo integrados os vários conceitos associados à educação de adultos como são  a educação permanente , a educação contínua , ou a mais recente aprendizagem ao longo da vida , que  enquanto conceito e política educativa tem vindo a sobrepor-se por ser o mais abrangente
Atualmente a aprendizagem ao longo da vida “é sobretudo entendida como instrumento de mudança dos sistemas de educação e formação de um novo pacto entre o Estado e a sociedade civil, com a transferência de responsabilidades para esta última. Nos tempos que correm as instituições internacionais apontam seis valores básicos  como integrantes da aprendizagem ao longo da vida:
1)      As pessoas são aprendizes natos,
2)      A igualdade e justiça são fundamentais,
3)      A aprendizagem está relacionada com o poder,
4)      A ineficácia traduz um potencial humano desperdiçado,
5)      A aprendizagem deve promover a coesão social,
6)      A sobrevivência e a progressão mundial dependem da aprendizagem.


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